Se o Brasil é um país de memória curtíssima para respeitar e valorizar seus ídolos, imagine como é para fazer isso com ídolos de outros países. Ainda mais em se tratando de beisebol, um esporte de penetração ainda limitada por aqui. Então, não surpreende o fato de ninguém saber quem foi Jackie Robinson, o sujeito que motivou a criação do – surpresa! – “Jackie Robinson Day” nos Estados Unidos. Um erro, não pelo seu desempenho na modalidade que praticou, mas por ter sido uma figura importante na sociedade.
Robinson foi o primeiro jogador negro a atuar na Major League Baseball. E sua estreia ocorreu em um 15 de abril, em 1947. Até então, os negros eram obrigados a jogar as Negro Leagues. E ele não foi “apenas” o primeiro negro na MLB. Ele foi um craque. Mesmo sofrendo preconceito de outros atletas, árbitros e torcedores, conquistou título de estreante do ano, liderou o Brooklyn Dodgers na sua única World Series antes de se mudar para Los Angeles e participou de seis edições do All-Star Game.
Suas atuações convenceram dirigentes de outras equipes da MLB a contratarem negros. Foi um salto de qualidade no beisebol, com jogadores de talento imprimindo um novo estilo de jogo à liga. Depois de encerrar a carreira, Robinson foi ativista dos direitos civis.
No 50º aniversário de sua primeira partida, a MLB criou o Jackie Robinson Day. Todos os times aposentaram a camisa 42 (a que ele usava), exceto o que já tinham atletas com esse número (Mariano Rivera, dos Yankees, é o único ainda na ativa). A exceção fica para 15 de abril, quando todos os atletas vestem o 42.
Isso não é resgatar um ídolo. Até porque esse é um comportamento típico do Brasil: esquece-se e depois tenta-se relembrar. Nisso, uma ou duas gerações perderam contato com sua história. Muito melhor é cultivar o ídolo pouco a pouco, enquanto sua imagem está fresca na memória de todos. E o beisebol deu outro exemplo disso nesta semana.
Hideki Matsui foi campeão pelo New York Yankees na temporada passada. Mais que isso, foi o MVP das finais. Por questões físicas e táticas, acabou se transferindo ao Los Angeles Angels. Na terça, primeira partida dos Yankees em casa nesta temporada, o clube armou uma cerimônia para... dar a Matsui o anel de campeão diante de sua ex-torcida. Todos aplaudiram, a torcida mostrou como ainda tem carinho pelo japonês, os ex-colegas de time fizeram festa (clique aqui para ver).
Matsui é um bom jogador, mas fará apenas 5% do que fez Jackie Robinson. Mas podem ter certeza que qualquer garoto nova-iorquino que estava no estádio na última terça se lembrará por décadas do que Matsui representa na história do beisebol e de seu time.
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