sábado, 30 de junho de 2012

O que é Educação Física ??

Quando se fala em Educação Física, imediatamente pensamos naquela disciplina do colégio onde se pratica Vôlei, Basquete, Futebol. E aí vem a dúvida: mas aquilo não é aula de esporte? Qual a diferença? 

O termo Esporte refere-se a diversas modalidades organizadas. É uma atividade física que envolve regras e, geralmente, competição entre os participantes.

Já a Educação Física é um conjunto de atividades físicas planejadas e estruturadas, que estuda e explora a capacidade física e a aplicação do movimento humano. O objetivo é melhorar o condicionamento físico e a saúde dos praticantes, através da execução de exercícios físicos e atividades corporais.

Formação do profissional de Educação Física

O curso superior de Educação Física tem duração média de 4 anos e inclui, em seu currículo, matérias nas áreas de Biológicas como Anatomia, Fisiologia e Ortopedia, além de Estatística, Administração, Economia e Desenvolvimento Motor. Além do estágio obrigatório, algumas escolas exigem o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). 

Ao final do curso, o bacharel em Educação Física está habilitado para trabalhar em clubes, academias, centros esportivos, empresas, planos de saúde, hoteis, condomínios e qualquer espaço de realização de atividades físicas. 

Para lecionar nos ensinos fundamental e básico, entretanto, é necessário o diploma de licenciatura em Educação Física

Diferença entre Educação Física e Ciências do Esporte

Existe muita confusão em relação aos cursos de Educação Física e de Ciências do Esporte. Na verdade, os módulos básicos dos dois cursos são os mesmos. Porém mais tarde, quando os cursos se separam, o bacharel em Esportes passa a estudar em profundidade as modalidades esportivas mais populares.

O profissional formado em Ciências do Esporte pode atuar como técnico, preparador físico de atletas, gestão e marketing esportivo, e na organização de eventos esportivos. Na prática, entretanto, esses profissionais disputam as mesmas vagas no mercado de trabalho.

Áreas de atuação do profissional de Educação Física

O profissional de Educação Física pode trabalhar com:

• Condicionamento físico

Auxiliando na realização de exercícios individuais como personal trainer, ou em clubes, academias de ginástica ou empresas para melhorar a saúde física das pessoas.

• Performance

Orientando atletas e equipes esportivas nos treinos e preparação para competição, de forma individual ou como parte de equipes multidisciplinares compostas por médicos, psicólogos e fisioterapeutas, entre outros profissionais. 

• Ensino

Dando aulas nos ensinos fundamental e médio (desde que tenha licenciatura em Educação Física)

• Recreação

Coordenando atividades recreativas a hóspedes em hoteis e navios, ou associados de spas, clubes e condomínios

• Grupos especiais

Instruindo e acompanhando gestantes, idosos, adultos e crianças deficientes, cardíacos e doentes

• Terceiro setor

Desenvolvendo e implantando projetos sociais através do esporte

• Turismo ecológico

Coordenando atividades ao ar livre, como rapel, escalada, trekking, montanhismo, exploração de cavernas, entre outras

O que precisa para ser um profissional de Educação Física

Para exercer a profissão, é obrigatório o registro no Conselho Federal de Educação Física(CONFEF). Nos estados, o CONFEF é representado pelos Conselhos Regionais de Educação Física (CREF). E, para dar aulas nos ensino básico e fundamental, é necessário ter diploma de licenciatura em Educação Física. Um problema enfrentado pelo mercado é a tolerância à prática de não-profissionais em diversos de seus setores, o que pode oferecer riscos à saúde e à integridade física dos praticantes.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Imagem Corporal

Imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio. É o conjunto de sensações sinestésicas construídas pelos sentidos (audição, visão, tato, paladar), oriundos de experiências vivenciadas pelo individuo, onde o referido cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e para o outro, sobre o objeto elaborado.

    O termo Imagem Corporal vem sendo usado freqüentemente de maneira permutável com a terminologia Esquema do Corpo, em estudos neurológicos e psicológicos, onde ocorrem também resistências a determinadas definições e muitas confusões metodológicas e conceituais (PAILLARD, 2001).

    O esquema corporal é tido como a "experiência imediata de uma unidade do corpo, (....) percebida, porém é mais do que uma percepção, (...) chamamos de esquema de nosso corpo", ou mesmo, segundo Head apud Schilder (1999), que o denomina como modelo postural do corpo. O aludido é a imagem tridimensional que todo sujeito tem do seu próprio corpo, não abordando sob a ótica de uma mera sensação ou imaginação, mas da apercepção corporal, mesmo que a informação tenha chegado através dos sentido.

    A imagem que pode ser visual, motora, auditiva, tátil, entre outras, não pode ser analisada separadamente os itens ou adotar para casa estrutura um padrão único para a avaliação de alteração em todas as estruturas.

    Toda mudança reconhecível entra na consciência comparando-se com situações já vivenciadas, realizando assim uma avaliação da nova situação que gera uma mudança na Imagem Corporal.

    Há uma distinção desobstruída proposta primeiramente por Head e Holmes (1912) apud Paillard (2001), entre um esquema do corpo considerado como "um padrão combinado de encontro em que todas as mudanças subseqüentes da postura estão sendo medidas (...) antes que a mudança postural incorpore o consciente."; e a imagem do corpo como "uma representação interna na experiência consciente da informação visual, tátil e motor, da origem corporal".

    Segundo Cash & Pruzinsky (s/d) a imagem corporal pode ser definida como a visão do nosso corpo que produzimos em nossa mente (SCHILDER, 1935). A imagem corporal é definida como a representação mental do próprio corpo (KRUEGER,1990,p.125).


Como se processa o desenvolvimento da Imagem Corporal?

    A Imagem Corporal se desenvolve desde o nascimento até a morte, dentro de uma estrutura complexa e subjetiva, sofrendo modificações que implicam na construção contínua, e reconstrução incessante, resultante do processamento de estímulos.

    Durante os anos pré-escolares a criança desenvolve de forma acentuada o seu conceito a respeito da imagem corporal. Com um pensamento e uma linguagem mais abrangente, começa a reconhecer que a aparência das pessoas pode ser mais ou menos desejável e as diferenças de cor ou raça. Ela conhece o significado das palavras "bonito" e "feio" e reflete a opinião que os outros têm a respeito de sua aparência. Aos cinco anos, por exemplo, a criança já compara sua altura com a de seus pares e pode dar-se conta de ser alta ou baixa, especialmente quando as pessoas se referem a ela, chamando-a de "alta ou baixa para a idade". Apesar de seus progressos no desenvolvimento da imagem corporal, o pré-escolar ainda tem uma noção pouco definida a respeito dos limites do seu corpo, além de possuir escassos conhecimentos de sua anatomia interna. Em virtude disto, qualquer experiência invasiva o atemoriza, especialmente quando há solução de continuidade da pele, tais como pequenos cortes ou escoriações. Em seu pensamento, em conseqüência de uma pele rompida pode escapar todo o seu sangue e interiores. Por isto os curativos são tão importantes para segurar tudo dentro, e qualquer arranhão precisa de mercúrio ou esparadrapo, para que a interpretação da imagem corporal da criança seja atendida evitando distúrbios que possam surgir posteriormente (MONTARDO, 2002).

    A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos, estando o seu corpo ocupando um espaço no ambiente em função do tempo, captando assim imagens, recebendo sons, sentindo cheiros e sabores, dor e calor, movimentando-se. O corpo é o seu centro, o seu referencial, para si mesma, para o espaço que ocupa e na relação com o outro.

A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos (RAMOS, 2002).

    O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco se encaixar uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados a qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem e da representação de si mesmo, idem.

    A imagem corporal é continua e representativa do esquema postural e acompanha o indivíduo desde o seu nascimento até o ultimo suspiro, sofrendo adaptações e transformações globais de acordo com o momento vivido.

    Quanto maior forem os estímulos e as possibilidades de novas experiências do recém nascido durante toda sua trajetória de vida, mais completa será a sua formação do esquema corporal, principalmente sob o ponto de vista psicomotor. As experiências corporais que determinam a imagem corporal corroboram para a modelação de um esquema que refletirá na adolescência e na vida adulta. Sua forma poderá ser lapidada, porém terá seus elementos da construção inicial preservados, apesar das transformações ocorridas ao longo da vida.

    O esquema corporal é uma aquisição lenta e paulatina. Desenvolve-se desde antes do nascimento, se incrementa em forma notável desde este até o terceiro ano de vida e, logo, continua em permanente evolução adaptativa pelo resto da existência do individuo. Se estrutura sobre a base dos componentes neurológicos em desenvolvimento e maturação onde se liga fundamentalmente, as percepções exteroceptivas, proprioceptivas e interoceptivas que permitem estabelecer, em um momento inicial a consciência sobre localização espacial total, a capacidade e o funcionamento de uma determinada parte do corpo, a consciência inicial sobre a magnitude do esforço necessário para realizar uma determinada ação, e a consciência sobre a posição do corpo e suas partes no espaço durante esta ação (BARRETO, 2002).

    Estas noções que se desenvolvem prioritariamente durante os primeiros meses de vida extra-uterina, mas que se inicia durante a vida intrauterina, como já se abordou, vão ocorrendo cada vez mas fáceis e inconscientes pela repetição continua e eficaz de cada ato em questão, até chegar a automatização da resposta frente ao estímulo específico.

    Liga-se sem associações ao estabelecimento dos reflexos em que as percepções sensoriais, sensitivas e proprioceptivas se conjugam para gerar a excitação neuronal que, em nível central ou em nível da medula espinal, desencadeia a motricidade requerida como resposta ao estímulo percebido ou a uma ação gerada conscientemente, Idem.

    Ainda que pareça evidente, é necessário aclarar que o esquema corporal se implanta e evolui, especial e especificamente, sobre a maturação do conjunto neuromúsculo-esquelético e que se liga ao processo de ereção que leva o neonato através das etapas de rastejar, engatinhar e primeiros passos, até ao total domínio da marcha e orientação, as quais são suportadas pelo eixo axial que está localizado na coluna vertebral, Idem.

    A imagem corporal do bebê amadurece aos poucos na medida em que ele experimenta o toque, a exploração do espaço, a manipulação e contato com objetos. A idéia de separação de seu corpo de outros corpos e objetos se dá gradativamente (LE BOULCH,1987). Krueger (1968) e Piaget (1945) concordam que a percepção da existência do corpo próprio, individual, se dá por volta dos 18 meses, idem. Le Boulch aponta que Lacan, após Wallon enfatizam a grande importância da "fase do espelho", quando a criança vê sua imagem projetada no espelho, olha por trás do mesmo... Até então, a imagem de seu corpo encontra-se incompleta, fragmentada. A imagem do todo acontece quando ela se vê no espelho. Ela passa então da "imagem do corpo fragmentado à compreensão da unidade de seu corpo como um todo organizado" (MATARUNA, 2002; AJURIAGUERRA, 1986, 1987; LE BOULCH, 1987, p.215). Krueger (1990) ressalva a importância da imagem corporal não ser limitada a imagens visuais, mas como fruto da absorção de experiências vividas.

    A imagem corporal nunca é estática. Ela muda de ação para ação (FELDENKRAIS,1977; SCHILDER,1999). "De início, quando a imagem está sendo estabelecida, sua taxa de mudança é alta; novas formas de ação que, apenas um dia antes, estavam além da capacidade da criança, são rapidamente conseguidas "(FELDENKRAIS,1977,p.28).


A experiência da "falta" no processo de desenvolvimento da Identidade Corporal

    A criança não espera nada do mundo exterior de plenitude e fusionalidade. A perda da plenitude fusional não assegura a separação do Eu e do não-EU, a qual exige uma dissociação perceptiva entre as sensações provocadas pelo exterior e as sensações internas, que se revertem em experiência (LAPIERRE, 1984, p.11).

    Os objetos transicionais e os desejos do homem ocorrem para minimizar, ou seja, compensar a falta do se ou de um ser. O desejo de possuir o corpo do outro se transforma em desejo possessivo pelos objetos (idem, p.18).

    A falta no corpo, oculta no inconsciente, vai emergir no consciente sob a forma simbólica de uma falta do ter. Mas o ter não pode nunca preencher esta falta e o desejo de posse pelos objetos torna-se incontrolável cumulativo e desabando como uma avalanche.

    La Pierre contextualiza a experiência da "falta" no processo de desenvolvimento da Identidade Corporal na necessidade do individuo transferir ou se apoiar, e porque não dizer, consumir o outro. Este se revela desde o nascimento do bebê, quando se corta o cordão umbilical e há a separação do líquido amniótico, até a fase adulta quando ainda há a necessidade de recuperar o trauma ocorrido na quebra da fusionalidade. Para o autor a construção da identidade corporal ocorrerá espelhada no que o outro apresenta, e sobre o desejo do individuo reproduzido pelo outro.

    A construção deste modelo corporal surgirá de uma maneira pela qual o sujeito tenta consumir, enquanto objeto, o corpo de um outro individuo para suprir o seu espaço fusional interior.

    Na fantasmática fusional da criança, as "cavidades" são aberturas para o mundo misterioso do interior do outro, daí o desejo inconsciente de penetrar nestas cavidades (...), onde a criança com seus dedos , a mão, o olhar, e com todo o corpo explora estes orifícios na busca da interioridade alheia no seu próprio corpo, fato que no futuro vai se investir nas relações sexuais (LAPIERRE, 1984, p.32)

    Para o surgimento da identidade corporal, o corpo deve estar reunido com uma imagem global que aparece por volta do oitavo mês de vida, durante o estágio do espelho, que ainda é imperfeita mas que se aprimora com o reforço. As experiências motoras corroboram para o conhecimento das dimensões corporais permitindo atingir com maior facilidade esta totalidade (Idem, p. 23).


Referências bibliográficas

AJURIAGUERRA J.; MARCELI D. La exploración del niño. Barcelona: Masson, 1987.

AJURIAGUERRA J. Psicopatología del adolescente. Barcelona: Masson, 1986.

BARRETO, J.F. Sistema estomatognático y esquema corporal. Disponível em
http://www.colombiamedica.univalle.edu.co/Vol30No4/estomato.html. Acessado em: 24 de abril de 2002.

FELDENKRAIS, M. Consciência pelo movimento. São Paulo: Summus,1977.

KRUEGER, D.W. Developmental and Psychodynamic Perspectives on Body Image change, 1990.

LAPIERRE, A. A Falta - Fusionalidade e Identidade. In: Fantasmas Corporais e Prática Psicomotora. São Paulo: Manole, 1984, p. 9-42.

LE BOULCH,J. O desenvolvimento psicomotor - do nascimento até 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas,1987.

MATARUNA, L. A imagem corporal sob a ótica fisiológica: analisando as obras de Paul Schilder. Trabalho Apresentado à Disciplina Imagem Corporal do Programa de Pós-Graduação (Stricto Sensu) em Educação Física da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. São Paulo: UNICAMP-FEF, 2002.

MONTARDO, J.L. Aprendendo a Vida. Disponível em:
http://planeta.terra.com.br/saude/montardo/desenvolvimento/epensamento2.htm. Acessado em 03 de maio de 2002

PAILLARD, J.; FLEURY, M.; LAMARRE, Y. Are body schema and body image functionally distinct ? Evidence from deafferented patients. Resumo publicado nos anais do evento: Bases neurologiques du codage de l'espace et de l'action. Lyon, France, Ecole Normale Supérieure, 22-24 March 2001. Acessado em http://www.lyon151.inserm.fr/symposium534/posters/43paillard .html. Disponível em 14 de maio de 2002.

RAMOS, E. Algumas áreas da psicomotricidade. Disponível em: http://members.tripod.com.br/ramoseducacaofisica/motor.htm. Acessado em 12 de maio de 2002.

SCHILDER, P. A Imagem do Corpo: As Energias Construtivas da Psique. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

SCHILDER, P. F. The Image and the Appearance of the Human Body: Studies in Constructive Energies of the Psyche. London: Trench e Trubner, 1935.