sábado, 31 de julho de 2010

Ginásticas

A ginástica aeróbica expandiu-se na década de 1980, beneficiada pela popularidade obtida na década anterior pelo conceito de “exercício aeróbico”, difundido pelo médico norte-americano Kenneth Cooper (criador do que ficou conhecido como “Método Cooper”).



As esteiras rolantes e bicicletas ergométricas logo chegaram como alternativas para a exercitação aeróbica.

A ginástica localizada, em obediência a princípios biomecânicos, fisiológicos e anatômicos, busca isolar os agrupamentos musculares que se deseja atingir, e atender a diferentes finalidades: emagrecimento, delineamento ou hipertrofia muscular, resistência muscular etc., e com isso promete atender aos interesses estéticos dos praticantes. Seus exercícios podem valer-se do peso do próprio corpo ou utilizar pequenos pesos (halteres, caneleiras etc.) como sobrecarga. Por isso, às vezes ela é confundida com aquela prática ginástica batizada de “musculação”, embora esta se caracterize mais pelo uso de máquinas sofisticadas, de alta eficiência no isolamento dos músculos e na graduação da carga.


Tanto a ginástica aeróbica como a ginástica localizada experimentaram variações e ramificações, muitas vezes atendendo a “modismos”: cardio-funk, Power Yoga, Step, Aeroboxe etc. Nos últimos anos, cresceram em larga escala os programas padronizados de ginástica, concebidos e comercializados por empresas especializadas, com forte apoio de estratégias de marketing, como o sistema “body” (body systems): body pump, bodystep etc.


A desvantagem desses programas é que, ao padronizar os exercícios e sua progressão, perdem de vista a heterogeneidade dos usuários e a individualidade das pessoas.

Outra tendência são as chamadas ginásticas “alternativas”, como a ginástica natural (que se baseia nos movimentos dos animais), e o Método Pilates, criado nas primeiras décadas do século XX, que centra sua preocupação na postura e no fortalecimento muscular conjugado à flexibilidade, com utilização de equipamentos especialmente concebidos para esses fins.

De modo geral, todas as modalidades de ginástica que se valem de exercícios contra resistência, como a musculação e a ginástica localizada, acompanharam a evolução dos métodos de treinamento, em especial aqueles relacionados às alterações sobre a estrutura músculo-articular, e são regidas pelos princípios mais gerais do treinamento físico-esportivo e por princípios específicos, entre os quais:


Princípio da estruturação das séries de exercícios


Os grandes agrupamentos musculares devem ser exercitados antes dos pequenos, em virtude da tendência de esses pequenos agrupamentos chegarem à fadiga antes dos grandes quando submetidos à cargas proporcionais. No caso dos iniciantes, as séries de exercícios devem alternar os segmentos corporais requisitados durante a realização dos exercícios, visando a retardar afadiga muscular. O número de repetições dos exercícios deve ser organizado em blocos, denominados “séries”. Quando o objetivo é a força (hipertrofia muscular), as séries devem ter poucas repetições com maior carga; se o objetivo é desenvolver resistência muscular, deve-se realizar maior número de repetições com pouca carga.


Princípios do treinamento físico



Sobrecarga: está relacionada ao aumento da carga de trabalho físico, que deve ser gradual e progressivo, de modo a estimular o organismo a exercitar-se acima do nível ao qual está habituado, induzindo adaptações biológicas que aprimorem suas características morfológicas e/ou funcionais. Para tanto, deve adequar diferentes combinações entre frequência, intensidade e duração e/ou volume de treinamento, conforme a capacidade física a ser desenvolvida. A frequência refere-se ao número de sessões semanais de determinado exercício; a intensidade, ao nível de dificuldade do exercício – quantidade de peso e velocidade suportados; a duração ou volume, ao período de tempo durante o qual o programa é realizado (semanas, meses), ou tempo gasto em uma única sessão de exercícios (minutos, horas).



Continuidade: preconiza que a melhoria na capacidade funcional depende da regularidade com que a prática de atividades físicas é realizada, e que as adaptações biológicas pretendidas resultam da adequada alternância entre esforço e recuperação.

Reversibilidade: também referido como “uso e desuso”, diz respeito ao declínio na capacidade funcional, decorrente das perdas das adaptações biológicas resultantes do programa de exercícios, que ocorre quando a atividade física é suspensa ou reduzida. Representa um reajuste do organismo ao baixo nível de solicitação das capacidades físicas, tornando evidente o caráter transitório e reversível das melhorias oriundas da prática regular e contínua de exercícios físicos, especialmente quando essa regularidade deixa de ser mantida.

Especificidade: explica que o aprimoramento e o desenvolvimento de determinada capacidade física (força, flexibilidade etc.) decorrem de adaptações fisiológicas e bioquímicas específicas para determinados tipos de atividades físicas, conforme diferentes combinações entre volume e intensidade de esforço.

Por essa razão, a melhoria da flexibilidade requer exercícios de alongamento muscular, enquanto exercícios aeróbios desenvolvem a resistência cardiorrespiratória.

Individualidade: diz respeito ao modo como as diferentes características e condições de cada indivíduo interferem nos efeitos pretendidos por um programa de exercício. Compreende aspectos relacionados às diferenças entre os sexos; ao estágio de maturação biológica; ao nível inicial de condicionamento físico; aos aspectos genéticos do praticante; aos fatores ambientais e/ou comportamentais (alimentação, hábitos de repouso e sono, existência ou não de doenças, aspectos motivacionais etc.).

domingo, 25 de julho de 2010

Motion Offense

A Motion Offense é um dos planos de jogo mais utilizados no basquetebol. Seja no nível amador ou profissional, verificamos a utilização em massa deste sistema.

Muito se contesta sobre a origem da Motion, mas a tese mais aceita é de que foi inventada por Hank Iba, do time de Oklahoma State.

A Motion Offense é o oposto de uma Patterned Offense. Na Motion, não existe padrão a ser seguido ou jogada definida. Aqui, o ataque tem uma série de princípios que devem ser obedecidos, e os jogadores, dentro destes princípios, movimentam-se livremente, buscando a melhor opção.

A jogada, portanto, surge da leitura do jogo. É primordial, por isso, que para dar certo, a Motion tenha jogadores intuitivos e sem medo de criar a jogada quando ela se apresenta.

O segredo para uma boa Motion consiste em constante movimento de bola, jogadores que consigam jogar múltiplas posições e velocidade. É melhor utilizada por times que possuam jogadores rápido, ágeis, e que precisem de um sistema para contestar uma defesa alta e forte.

Ela possui alguns princípios, e eles podem variar um pouco, mas são, basicamente:

Espaçamento na quadra: os jogadores devem ficar entre 4 e 5 metros distantes um do outro. Se eles se aglutinarem, como o ataque não terá saída definida, podem facilmente ser encurralados e perder a bola.

Corta-luz depois do passe: este princípio é usado na maioria das Motions. O jogador que estiver com a bola, ao fazer o passe, deve fazer um corta-luz do lado oposto. Por exemplo, o jogador que está no topo do garrafão e passa a bola para o ala da esquerda, deve correr e fazer um corta-luz para o ala da direita. Com isto, o jogador que recebe o corta-luz pode ver uma rota de penetração sendo criada, pois a defesa estará atenta com a bola e com o jogador que está fazendo o corta-luz.

Corta-luz para o fundo: os jogadores que estiverem no garrafão devem fazer corta-luz para os alas, pelo lado de dentro, sem a bola. Desta forma, o ala pode entrar pelo fundo e receber a bola em diagonal.

Corta-luz sem a bola: Dois jogadores que estiverem sem a bola e no lado fraco da defesa devem procurar fazer corta-luz um para o outro, buscando aparecer de surpresa no topo do garrafão para penetrar ou arremessasr.

Não passar para um jogador parado: se um jogador estiver parado, ele não recebeu corta-luz, não acabou de passar a bola e não terá linha de penetração. Portanto, estará fora do fluir do jogo. Se o passe for para ele, a bola pode facilmente ser interceptada, pois a defesa saberá exatamente onde ele está. Mesmo que a bola chegue, o movimento constante que deve existir será quebrado, e os outros jogadores gastarão muita energia para reiniciar a movimentação.

Movimento apenas após o corta-luz: é princípio básico do basquete, mas se torna mais importante na Motion, pois aqui o corta-luz é abundante. O jogador que recebe o corta-luz deve esperar seu companheiro estar na posição ideal para fazê-lo, parado com os dois pés no chão. Se ele se mover antes, muito provavelmente seu companheiro fará falta de ataque, pois estará fazendo corta-luz andando.


Dependendo da estratégia utilizada, outros princípios podem ser empregados, e mesmo estes podem ser descartados e substituídos.

Os princípios que descrevemos refletem a maioria das Motion Offenses, mas existem algumas celebres versões que não utilizam estes mesmos princípios.

A "Dribble-Drive Offense" é muito utilizada por John Calipari, grande técnico universitário. O Chicago Bulls também passou a usá-la em alguns momentos depois que trouxe Derrick Rose, ex-jogador de Calipari ao time. Nesta variação, ao invés de uma série de corta-luzes e bloqueios, temos um armador dominante que penetra bem, e ele usa isso para quebrar o ritmo da defesa e passar para fora. Os outros jogadores também cortam para a cesta, e um coloca o outro em posição de pontuar com a penetração, ao invés do corta-luz.

A Motion pode ser configurada de diversas maneiras, dependendo do time que estiver em quadra. A configuração mais comum é o 3-2, começando com três jogadores no perímetro e dois no garrafão, fazendo com que eles troquem de posição.

Caso o time não possua bons jogadores de garrafão, pode fazer um 4-1 ou mesmo 5 abertos, passando a bola e buscando a melhor opção.

Também existem variações 1-3-1 (para alas altos), e 1-4 (para times sem bom arremesso de fora).

Quanto mais jogadores fora do garrafão se movimentando, melhor controle de bola o time vai ter, mas também menor chance de chegar com facilidade à cesta, pois quando menos espaço na quadra ocupar, mais compactada vai deixar a defesa, precisando criar um chamariz extra para quebrar o sistema defensivo do outro time.

Este é o funcionamento básico de uma Motion, talvez o sistema ofensivo mais utilizado no mundo do basquete em todos os níveis. É um sistema que valoriza a criatividade dos jogadores, e que equilibra uma partida em que a equipe que a utiliza perca para a outra na diferença de altura.

sábado, 17 de julho de 2010

Videos sobre Basquete

Alguns vídeos que dão dicas e orientações sobre esse esporte tão maravilhoso.








Para quem quer se aprofundar no assunto, logo mais produziremos textos sobre os sistemas defensivos e ofensivos do basquete.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sistemas ofensivos no basquete - Introdução

Começamos hoje uma série especial de artigos sobre sistemas ofensivos do basquete. Esses artigos foram tirados do blogg sobre basquete Jumper Brasil.

Neste especial, trabalharemos as várias formas de táticas presentes no basquete, num primeiro momento as formas de ataque, e depois série sobre as defesas.


Começaremos com esta introdução, dividindo os sistemas ofensivos em espécies, trazendo um artigo para cada espécie nos próximos capítulos, detalhando dentro deles os diferentes sistemas ofensivos.

Pelo fato de o basquete ser esporte tradicionalmente americano, trabalharemos com o nome dos esquemas táticos em inglês, para facilitar o entrosamento de informações que vamos oferecer.

A seguir, a introdução sobre as "espécies" de esquemas táticos. A divisão mais tradicional na dogmática do basquete é entre "Patterned Offenses (ou Continuity Offenses)" e "Motion Offenses". Aqui, para efeito didático, trabalharemos com estas divisões e com sub-divisões. Dividiremos as Patterned Offenses em "Patterned", propriamente dita, e "Set Offenses", enquanto que com a Motion trabalharemos dividida em "Motion" e "Zone Offenses". Também examinaremos sistemas específicos, com sua própria complexidade, como o Triângulo Ofensivo utilizado por Phil Jackson e a Princeton Offense, largamente utilizada, além do sistema de "Run and Gun" de Don Nelson e o "7 seconds or less" de Mike D"Antoni.

Ao final, faremos uma análise sobre qual esquema ofensivo cada time usa atualmente na NBA.


Patterned Offenses: "Ataque com um padrão", na tradução literal. Significa um esquema tático em que os jogadores fazem uma série de movimentações, que podem incluir meras trocas de lugar, corta-luz, rotação ofensiva, troca de posições para explorar mismatches, enfim, várias movimentações.

Este tipo de sistema ofensivo não possui uma jogada definida para finalizar, busca apenas criar erros na defesa, para serem explorados pelos jogadores, que devem ter boa leitura do jogo. É importante notar que o padrão fica sendo repetido várias vezes. Quando acaba a movimentação e não existe opção de finalização, a movimentação-padrão deve ser repetido.

Aqui, estudaremos mais a fundo a Flex e a Shuffle, dois sitemas amplamente utilizados em todos os níveis.


Set Offenses: "Ataque configurado, posto", se traduzido livremente. Aqui, também existem movimentações a serem combinadas, mas permite pouca ou nenhuma mobilidade de posições. Cada jogador tem seu papel dentro do esquema ofensivo.


Também, comumente aqui a jogada tem um ponto de definição pré-arranjado, e se não é possível definir a jogada quando chega a hora, ela é abandonada e outra estratégia é adotada.

Motion Offense: A palavra "Motion", em inglês, significa movimento. E é exatamente isso que acontece. Ela também busca movimentação a todo instante para tentar quebrar a defesa, como no sistema Patterned. No entanto, ela não possui movimentações pré-estabelecidas.

Permite ao jogador explorar as opções que a defesa lhe dá, e fazer a leitura do que é melhor para fazer. Funciona sobre três princípios básicos: "Passe e corta-luz ao contrário", "Corta-luz no fundo" e "Corta-luz sem a bola".

É um sistema muito amplo, que pode inclusive ter uma Patterned ou uma Set dentro dela em alguns momentos. É, provavelmente, o sistema mais usado no mundo todo em todos os níveis de competição. Os três princípios serão explicados no momento de analisarmos este sistema em seu artigo próprio.

Zone Offense: Todos os esquemas analisados até aqui funcionam muito melhor contra defesas homem-a-homem. Esta aqui explora as fraquezas de uma defesa por zona.

As opções são poucas. Uma Zone Offense vai tentar, basicamente, tentar conseguir um arremesso em boa posição, visto que a Defesa por Zona deixa espaços para isso, ou então tentar quebrar a zona, movimentando vários jogadores para um só lado, isolando um jogador do outro, para tentar atrair a defesa e deixá-lo no homem-a-homem, ou então tentar uma situação de Pick And Roll, deixando dois jogadores isolados com os outros atuando como chamariz.

Estas são as espécies de sistema ofensivo que iremos tratar. Cada uma terá seu artigo próprio, além do Triângulo e da Princeton, que serão tratados apartados também. Este artigo de introdução será atualizado com o link para cada artigo novo, conforme forem sendo escritos.